Já estava próxima do andar em que eu devia descer,
respirei fundo, estava um pouco insegura de minha crônica, foram dias árduos,
de pouca produção e inspiração, estava sendo consumida por sentimentos desvirtuosos. O elevador fez a pausa, desci, respirei fundo, fitei o caminho à minha frente, havia um longo
corredor com inúmeras mesas e pessoas trabalhando. Segui pelo corredor, passando por sala a sala, alguns
davam uma breve fitada em mim com olhos despreocupados. e voltavam aos seus afazeres, mas a maioria não
se dava ao luxo de me notar, estavam todos muito ocupados, eu podia ouvir
algumas palavras fugirem dos diálogos, elas me acertavam como marretadas em minha cabeça, principalmente a palavra “guerra”, era do que
todos falavam, sobre a destruição, caos, e sobre a morte, tentei ocupar minha mente para que
eu não prestasse atenção nessas palavras, não queria saber disso, não
queria ouvir sobre, me chateava, apenas de ouvir me subia uma ânsia pela garganta, sufocante, sentia vontade de chorar, queria correr para o banheiro e me esconder, mas me mantive, tive compostura.
Cheguei em meu destino, uma sala com porta de vidro, com uma persiana já amarelada pela ação do sol, ouvi
um grito de lá de dentro, “Que se dane os malditos, quero notícias, agora! Mas
que droga, esses incompetentes!”, houve um suspiro alto, e alguns murmúrios
baixos, e se fez silêncio, era minha hora de entrar em cena, bati suavemente na
porta, e houve um grito “Entre!”, levei um susto, e institivamente tirei minha
mão da porta, mas lentamente a coloquei lá novamente, e vagarosamente abri a
porta, ouvi então: “Ah! É você, sente-se, sente-se! ” me sentei – O que temos
para hoje? – Perguntou ele, entreguei a ele os papéis, ele os pegou e começou a
ler, após algum tempo, ele disse: “Ótimo, será publicado.” Suspirei aliviada,
ele me olhou e perguntou “Quem sabe talvez você possa fazer uma crônica a
respeito da guerra?” “Bom, tenho que a dispensar agora, pois tenho uma
importante reunião agora, de todo modo, foi ótimo a ver, até mais, aliás, sua mãe ficaria muito orgulhosa de você.” "Duvido", pensei comigo mesma.
Saí novamente para o corredor.
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