terça-feira, 8 de setembro de 2015

Continuação. Sem filtragem

Quando me despertei, era por volta das quatorze horas, sentia fome demasiada, me levantei de prontidão com minhas pálpebras engomadas uma sobre a outra me dirigi ao banheiro. O banheiro era frio, e mesmo morando sozinha me trancava dentro do banheiro, para que a solidão dos outros cômodos não me tirasse a privacidade, mesmo de dia, a casa era escura, faltavam meios com que a luz adentrasse, porém para mim era o suficiente, os raios solares que invadiam o banheiro eram o bastante para que eu pudesse ver meu rosto deformado por horas seguidas com o mesmo pressionado contra o travesseiro, notava também meu cabelo espalhado por toda minha cabeça, sem forma alguma, apenas caos.
Decidi então tomar banho, banhos sempre foram momentos íntimos, não apenas por estar nua, no banho, eu estava sozinha, despida de roupas, de preceitos, e influências, era um dos momentos mais profundos de introspecção intimista, onde eu poderia ser eu mesma comigo mesma, banhos eram longos, me sentia extremamente bem com a água quente acariciando minha pele delicadamente do pé até minhas goteiras, e assim como a água caía, eu me afogava em pensamentos, e por ampla consciência ambiental, fechava a torneira, e me secava.

Saí do banho, comecei a me aprontar, deveria entregar minha crônica ao jornal até ás dezesseis horas, eu trabalhava para um jornal local, onde publicava crônicas em dias intercalados, foi uma vaga que consegui por influência de minha mãe, que costumava a ocupar um dos cargos mais altos no jornal. Como estava indo entregar meu trabalho, me vesti de forma em que parecesse mais arrumada, geralmente me vestia como me convinha, mas sempre tratava de parecer mais cuidadosa quando ia ao jornal, pois era meu sustento. Já tinha tudo em mente, iria me alimentar, e ir ao jornal em seguida, tudo planejado, terminei de me arrumar, peguei as chaves, carteira, maço de cigarros, minha pasta, e desci. Na rua me sentia nauseada ao olhar para o prédio da calçada, suas paredes agora pareciam escarlates, me lembrara de tudo o que acontecera na noite passada, e sentia certas dores nas têmporas, com a mão na cabeça comecei a me afastar lentamente do prédio, até que tomei outra rua.

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